Viviane...?

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010 às 20:15
Entrevista de emprego é uma coisa engraçada.
Estava marcado para eu ser entrevistada às 14h30 de hoje. Depois de vinte minutos de caminhada em um sol de Uberaba que, todos sabemos, não perdoa, cheguei ao devido lugar: Prefeitura Municipal. Com dez minutos de antecedência, para não passar uma primeira impressão de atrasilda.
Fui à moça do balcão para obter informação (me disseram para procurar Viviane).
Eis que a moça do balcão se retira bem quando é minha vez. Lá se vão 2 minutos de antecedência. Respiro...
Um outro moço, a propósito muito bem educado, me diz que, para falar com Viviane, falasse antes com a recepcionista do outro ambiente. Cheguei à recepcionista - que vou apelidar de Carla - e disse: eu queria falar com a Viviane, ela me ligou ontem de manhã pedindo que eu viesse fazer uma entrevista do estágio. Percebi uma expressão de confusão no rosto de Carla, que devolvi com olhar de certeza - demonstrando firmeza (inútil). Ela pega o telefone, disca uns dois ou três números, olha pra mim e diz: "tem certeza? Viviane?" E eu digo, com a voz firme: "Claro!" E ela volta a tentar ligar, mas a tal Viviane não se encontra na sala. Enquanto espero - e meus minutos de antecedência vão virando minutos de atraso - chega uma senhora pelas minhas costas. Roupa humilde e carregando um saco de roupas no lombo. Passa por mim como se eu não estivesse lá, se dirige a recepcionista e diz: Ele já chegou?
Carla faz sinal de negativo. A senhora empina o nariz e diz: Então deixa eu subir pra falar com a Viviane. A expressão de confusão que Carla fez a mim dobrou de intensidade ao ouvir aquilo. E Carla retruca: a senhora tem que ter horário marcado para falar com a primeira dama. É então que a minha cara transparece espanto. Penso: “primeira dama, hã? Tô importante” e sorrio pretensiosamente.
Depois da saída da senhora, Carla consegue falar com Viviane. A recepcionista me chama com tom de deboche e diz: moça, a Viviane que você procura é a do RH (Recursos Humanos). Nem pensei em uma vingança para aquela cara de deboche e superioridade, tamanha foi minha raiva por ter perdido meu tempo, aquele que achava que tinha de sobra.
Depois de gastar cinco minutos em cada parada para informação, atravessei toda a sede da Prefeitura e cheguei na sala onde eu supostamente trabalharei, telemarketing. Abro a porta e deparo com um moço, aparência agradável, cerca de 27 anos, educado e - segundo informações - tão cheiroso que dá vontade de avançar (não, não são palavras minhas. Afinal não sou de ficar fungando o pescoço alheio, isso é coisa de cão). Achei que havia chegado ao destino da entrevista. Mal me atrevo a sentar, o moço - cujo nome não será revelado e é a santa alma que dirige cerca e 20 meninas do departamento de telemarketing - me diz: é aqui o telemarketing sim, mas você tem que ir ao RH fazer a entrevista com a psicóloga, pra depois eu entrevistar você. Tive medo daquela informação. Precisar passar por psicólogo antes de conversar com alguém é no mínimo assustador. Só pensei isso depois...
Enfim, re-atravessei a sede da prefeitura. Faltavam quinze minutos para as três da tarde quando finalmente eu estava sentada diante da tal Viviane - a certa. Comecei sentando de frente. Conforme as perguntas foram ficando pessoais, meu corpo girava e no fim da entrevista, quando ela me perguntou se eu namorava, ela já conversava com meu braço direito. Bom, talvez meu braço direito soubesse responder a essa pergunta melhor do que eu. Fiquei com a imensa vontade de pedir um instante para ligar para uma certa pessoa e perguntar: “olha, tão me perguntando aqui na entrevista de emprego se tenho namorado, e aí?”. Claro que não fiz isso, só na minha mente. Porém, respondi que sim, mesmo que eu nunca o tenha chamado de namorado oficialmente, é assim que os que convivem comigo o enxergam. Mas me deixa intrigada uma coisa: o que cargas d’água isso interessa para exercer a tarefa de ligar para as pessoas e perguntar o que elas acham do atendimento da prefeitura? Mesmo que eu esteja em uma crise amorosa, ninguém vai me escutar, eu quem vou escutar as reclamações. Oras, se isso eu já faço sem receber salário, recebendo vai ser "mamão com açúcar", né, vó?!

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